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domingo, 22 de setembro de 2019

A macabra seita australiana que drogava crianças



Nos anos 1960, Anne Hamilton-Byrne fundou uma seita baseada na crença de que ela era a reencarnação de Jesus. Ben Shenton, um dos sobreviventes, falou com a BBC sobre como era sua vida enquanto estava sob o domínio do grupo.

Quem vê Ben Shenton hoje nem imagina como foi seu passado.

Ele é casado há 20 anos, tem dois filhos e um trabalho estável. Mas ele teve uma infância bastante incomum, marcada por abusos. Quando era bebê, sua mãe o entregou à seita australiana chamada The Family (A Família), também conhecida como Santiniketan Park Association. A seita era dirigida por Anne Hamilton-Byrne, que promovia ioga e meditação e fundou o grupo nos anos 1960 com o marido, William.

Seus seguidores a viam como a reencarnação de Cristo, e ela fazia as crianças que viviam com ela acreditarem que eram seus filhos. A Família acreditava que o mundo iria acabar e que a seita teria que reeducar os sobreviventes. Muitas das crianças, agora adultos como Shenton, já falaram sobre tratamento cruel que recebiam.

A propriedade da seita ficava perto de Melbourne, no sul da Austrália. Entre 14 e 28 crianças e adolescentes foram criados lá.

As fotos das crianças, tiradas nos anos 1970 e 1980, mostram todos vestidos com roupas iguais e com o mesmo corte de cabelo. Muitos tinham o cabelo descolorido para ficarem parecidos uns com os outros, recebiam castigos físicos equivalentes à tortura e eram obrigados a tomar drogas.

Anne Hamilton-Byrne castigava as crianças golpeando-as com o salto agulha de seus sapatos — Foto: Getty Images via BBC

Anne Hamilton Byrne, que morreu em junho, em Melbourne, aos 98 anos, vivia no exterior a maior parte do tempo e visitava ocasionalmente a propriedade. Quando era criança, Shenton teve pouco contato com pessoas externas ao culto, formado pelas crianças e pelos autodenominados "tios" e "tias". Esses adultos os educavam, faziam sessões de ioga e meditação e eram muito leais a Anne. O único contato de Shenton com o mundo exterior era através de livros.

Estudando, ele ficou fascinado com livros de história sobre a Segunda Guerra Mundial e começou a se referir à propriedade onde vivia como "campo de concentração".

"Vivíamos cercados por muros e grades. Os 'tios' eram os guardas. Era só um apelido, mas havia semelhanças", disse Shenton à Emily Webb, do programa Outlook, da BBC.

Leia abaixo trechos da entrevista

BBC – O que acontecia com as crianças que se comportavam 'mal'?

Ben Shenton – Havia um livros de regras e castigos aprovados por Anne. Variaram entre escrever milhares de linhas, receber cintadas e ser submergido em água até quase afogarmos. Outro castigo era segurar nossas mãos sobre velas acesas.

BBC – Que tipo de ambiente isso criava?

Shenton – De puro medo. Você não sabe quando vai acontecer [um castigo] e tem de criar mecanismos para enfrentar-los. Como dizem, era um "mundo cão".

Ben Shenton é o segundo à direita, de baixo para cima — Foto: Arquivo Pessoal

BBC – Como assim?

Shenton – Sobrevivi me tornando o "dedo duro". Quando tinha ravia do meu irmão menor, que tinha asma, eu esperava que ele fizesse algo e o denunciava, sabendo que o trancariam no banheiro e ele passaria mal. Assim eu conseguia usar os abusos dos adultos para não ter que fazer nada. Demorei muito tempo para pedir perdão. E entendi da onde vinha esse comportamento, mas você tem que viver com essas coisas.

BBC – As crianças então não eram muito unidas?

Shenton – Não éramos um grupo, não permitiam que ninguém estabelecesse relações próximas. Anne queria receber todo o afeto. Assim que percebiam algum nível de união, éramos rapidamente separados.

BBC – Como era quando Anne e o marido voltavam do exterior?

Shenton – Era quase como se estivesse chegando uma estrela de rock. Os "tios" ficavam muito emocionados, mas ao mesmo tempo tinham muito medo. Muitas vezes perguntávamos se ela estava de bom ou mau humor – e o mau humor significava que seria um inferno. Ela ficava muito feliz nos golpeando com seu salto agulha.

BBC – E quando ela estava calma?

Shenton – Ela era muito carismática, havia feito cirurgias plásticas, se vestia bem e realmente conquistava as pessoas.

BBC – O que você sentia por ela?

Shenton – Não tínhamos referência. Todos falavam dela como se fosse nossa mãe. O que ela fazia [para mim] era o que faziam as mães. Não havia outras pessoas com quem eu pudesse falar sobre como era minha mãe. Não havia outra narrativa para competir com aquela.

BBC – Você chegou a ser drogado?

Shenton – Sim, me lembro muito do Valium, [éramos obrigados a tomar] até o ponto em que muitos de nós nos tornamos sensíveis à luz. A luz do sol era extremamente dolorosa. Depois, quando você completava 14 ou 16 anos, era o LSD.

BBC – Como tratavam as pessoas de fora?

Shenton – O lema [do grupo] era "não visto, não ouvido, não conhecido". Não diga nada a ninguém que não seja parte da seita. Se eu tinha alguma interação [com pessoas de fora], tinha que falar o que eu havia dito para eles se assegurarem que eu não havia revelado nada. Se cometia alguma infração, era castigado.

Resgate

Em 14 de agosto de 1987, duas das meninas sob o domínio do grupo escaparam e conseguiram chegar à polícia. Após contar sobre o abuso físico e emocional que sofriam, a polícia foi resgatar as outras crianças. Neste dia, mais de 100 agentes foram à propriedade.

BBC – Você tem alguma ideia de quem eram os agentes?

Shenton – Nenhuma. Estavam lá para nos resgatar. Mas na "Família" nos tinham dito muitas vezes que a polícia nos levaria, nos espancaria e nos atiraria no lago. Então eu não estava muito feliz com sua chegada.

BBC – Quando te disseram que Anne não era sua mãe de verdade?

Shenton – Acho que nesse mesmo dia. Fez sentido de imediato.

Em 1995, Sarah Moore, outra sobrevivente da seita, escreveu um livro sobre suas experiências — Foto: Getty Images via BBC

BBC – Como é entender, aos 15 anos, que toda sua vida você havia feito parte de uma seita?

Shenton – Eu estava tentando entender o mundo. Ou seja, quais eram os "rituais", como as coisas funcionavam, o que eu deveria fazer... Então não me concentrei tanto no que perdi, mas no mundo em que iria viver, nas regras.

BBC – Como você se sentiu na primeira noite depois de escapar, quando foi dormir?

Shenton – Fomos instruídos a não dizer nada de errado. Eu estava pensando sobre o que havia dito, mas depois percebi que não precisava. Percebi que estava livre, fora da prisão.

Investigação

A investigação da polícia sobre A Família revelou como as 28 crianças acabaram sob os cuidados de Anne, acreditando que ela era sua mãe. A década de 1960 teve muitas gestações indesejadas e Anne se aproveitou disso. Ela adotou ilegalmente crianças nascidas de mães que não desejavam ter filhos e até pediu a alguns de seus 500 seguidores que lhes dessem seus próprios bebês.

Anne nunca foi acusada de cometer abuso infantil ou foi para a cadeia. A polícia disse que não havia provas físicas suficientes. Ela foi multada em apenas 5 mil dólares australianos por falsificar certidões de nascimento.

Um investigador encarregado de descobrir a verdadeira origem das crianças descobriu que Joy, a verdadeira mãe de Ben, tinha sido uma das tias, ou seja, uma das seguidoras de Anne. Ben a conhecia e na verdade a odiava. Joy havia conhecido Anne quando começou a praticar ioga para remediar uma dor crônica muito severa causada por um acidente de carro.

BBC – O que aconteceu entre Anne e Joy?

Shenton – Anne havia dito que Joy seria curada se a seguisse. Como os sintomas realmente melhoraram, minha mãe acabou convencida e se tornou totalmente leal a Anne.

BBC – E te entregou quando você era um bebê de 18 meses.

Shenton – Correto, minha mãe fez a promessa de que nunca se envolveria na minha vida, e a promessa foi para a vida toda.

BBC – Como foi entrar para o colégio depois do resgate?

Shenton – Foi traumático. Em alguns anos fiquei deprimido e cheguei a pensar em suicídio. Eu era estranho, tinha dificuldade em me relacionar com pessoas na escola. Eu não conseguia fazer amigos. Meu apelido era Psycho (psicopata).

Até que uma professora me disse que eu havia começado a vida com uma desvantagem, que a maioria das crianças se conhecia desde a primeira série, então eu ia levar tempo [para me acostumar]. Foi realmente uma epifania para mim, comecei a analisar melhor o mundo ao meu redor.

BBC – Você se tornou cristão e acabou indo trabalhar para a IBM. Mas como consertou o relacionamento com sua mãe?

Shenton – Eu tinha um relacionamento muito bom com minha avó e a visitava. Então, em dezembro de 2006, minha mãe e eu nos conhecemos por acaso na casa da minha avó.

BBC – E como foi?

Shenton – Nós só conversamos. Quem é você, quem sou eu. Fico feliz em te ver. Eu apresentei meus filhos e disse "vamos ficar em contato".

BBC – Você a perdoou?

Shenton – Já havia a perdoado muito anos antes. Não sentia raiva.

Ben Shenton hoje é casado e trabalha na IBM — Foto: Arquivo Pessoal via BBC

BBC – Como foi quando você foi com sua mãe visitar Anne?

Shenton – Minha mãe se ajoelhou ao seu lado. Anne imediatamente a reconheceu. Então olhou para ela e disse: "Quem é esse homem?". Eu lhe disse que era seu filho. Ela não se lembrava de mim.

BBC – E isso te ajudou? Como você a viu?

Shenton – Só validou o que eu já sabia. Eu sabia que ela era profundamente errada.

BBC – Como foi para as outras crianças libertadas da seita?

Shenton – Cada um de nós reagiu de forma diferente. Eles são pessoas incrivelmente empáticas, com diferentes níveis de trauma e diferentes níveis de sucesso. Eu me considero um dos sortudos, tenho tido muita sorte.

BBC – O quão orgulhoso você se sente de ter chegado onde chegou?

Shenton – Muita alegria e orgulho. Minha esposa é uma mulher maravilhosa, tenho um ótimo relacionamento com meus filhos e aguardo ansiosamente a chegada dos netos. Sou um homem feliz e muito, muito abençoado.


Fonte: BBC

quarta-feira, 13 de junho de 2018

O projeto de controle mental da CIA

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O MKULTRA foi um projeto ilegal da CIA que consistia nos estudos de controle mental por meio de tortura, e o mais bizarro é que algumas das vítimas eram cobaias humanas, isso é, foram pagas para fazer aquilo, mesmo sem saber ao horror que se submeteriam.

É algo controverso que gerou bastante polemica na época, a maioria dos arquivos foram destruídos e restaram poucas evidencias, algumas das vítimas processaram a CIA e, ao longo do tempo muitos foram esquecendo de tal caso, mas há quem acredite que tais experimentos são realizados até hoje. 

Ano passado os irmãos Duff em parceria com a Netflix lançaram uma série que aborda tal assunto, a mesma se intitula: "Stranger Things", e mostra por meio da ficção a realidade do cruel projeto. 

(Em outras matérias falarei um pouco sobre tal série e também sobre os Manuais Kubark)

Obs: Todas os fatos apresentados nesta matéria são verídicos, inclusive os métodos de tortura utilizados.



O Projeto

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MKULTRA foi o nome de código dado a um programa ilegal e clandestino de experiências em seres humanos, feito pela CIA – o Serviço de Inteligência dos Estados Unidos da América. As experiências em seres humanos visavam identificar e desenvolver drogas e procedimentos a serem usados em interrogatórios e tortura, visando debilitar o indivíduo para forçar confissões por meio do controle mental. As várias drogas utilizadas, todas do tipo  psicoativas incluíram Mescalina, dentre outras, principalmente o LSD.

As experiências do MKULTRA têm relação com o desenvolvimento de técnicas de tortura contidas nos Manuais KUBARK, que é um manual de tortura utilizado pelas forças militares e pela própria CIA, divulgadas também pelos treinamentos da Escola das Américas.

No livro "Torture and Democracy" (Tortura e Democracia), do Professor Darius Rejali, ele traça a história do desenvolvimento de métodos de tortura incluindo a passagem pelos estudos da CIA no MKULTRA, os Manuais KUBARK, as técnicas utilizadas em Abu Ghraib (uma penitenciária do Iraque) e a evolução de tortura desde os tempos medievais como uma atividade de interesse de vários governos.

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Fotografia tirada na prisão de Abu Ghraib, onde
presidiários se submeteram as experiencias MKULTRA


O historiador Professor Alfred W. McCoy, em seu livro intitulado "Uma questão de Tortura: Interrogatórios da CIA da Guerra Fria à Guerra ao Terrorismo" documenta a relação dos experimentos do MKULTRA e sua evolução culminando na tortura em Abu Ghraib, Guantánamo e técnicas ainda utilizadas pelos Estados Unidos em prisões dentro e fora do país.

O autor e psiquiatra Harvey Weinstein estabeleceu o relacionamento direto das pesquisas em controle da mente feitas na Inglaterra pelo psiquiatra britânico William Sargant, envolvido nas pesquisas do MKULTRA na Inglaterra, com as experiências de Ewen Cameron no Canadá, também para o MKULTRA e com métodos atualmente usados como meios de tortura, a exemplo do uso de drogas alucinógenas como agentes desinibidores e da privação de sono. Ewen Cameron frequentemente contou com a colaboração de William Sargant, tendo ambos sido ligados aos experimentos da CIA.


Origem

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  Aprovação por Sidney Gottlieb  para sub projeto fazendo uso de LSD


As experiências foram feitas pelo Departamento de Ciências da CIA. O programa secreto começou no início dos anos 1950 e continuou até pelo menos o fim dos anos 1960.

Há pesquisadores que afirmam que o programa provavelmente foi apenas interrompido ou escondido, tendo prosseguido clandestinamente. Como cobaias humanas, MKULTRA realizou testes sem consentimento em estrangeiros. As experiencias ilegais foram realizadas não apenas sem consentimento mas também, na maioria dos casos, com vítimas masoquistas que sabiam que estavam sendo utilizadas como cobaias humanas.


Experiencias

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                         Até crianças eram vítimas do projeto MKULTRA


Muitas das vítimas do MKULTRA foram testadas sob o efeito de drogas, e jamais foram identificadas ou indenizadas pelos danos que foram causados a eles. Um dos casos que foi levado ao conhecimento público é o de um cientista americano que faleceu após haver sido involuntária e secretamente drogado com LSD pela CIA. Os agentes presentes disseram que o que se tinha passado era que Orson (o cientista) tinha cometido suicídio, saltando da janela de um hotel. A família do Dr. Orson continua até a presente data a lutar para apurar a veracidade sobre a versão da CIA com relação aos fatos que culminaram na sua morte.

As drogas usadas no MKULTRA são drogas que visam alterar as funções do cérebro humano e manipular o estado mental dos seres humanos. Tais drogas foram usadas sem o conhecimento ou consentimento daqueles em quem foram aplicadas, tendo sido um dos objetivos do projeto exatamente desenvolver meios de aplicar tais drogas sem que a vítima tivesse conhecimento de que estaria sendo drogada. Evidência publicada através da liberação de apenas parte dos documentos do Projeto MKULTRA, indica que a pesquisa envolveu o uso de animais e de vários tipos de drogas.


Métodos de Tortura

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         Tortura pelo Exército Americano em Abu Ghraib.

1. Abusos e torturas a vítima;


2. Confinamento em caixas, gaiolas, caixões, etc, ou enterro (muitas vezes com uma abertura ou tubo de ar de oxigênio);



3. Contenção com cordas, correntes, algemas, etc;



4. Afogamento não fatal;



5. Extremos de calor e frio, incluindo submersão em água gelada e queima de produtos químicos;



6. Esfolamento (apenas camadas superiores da pele são removidas em vítimas destinadas para sobreviver);



7. Fiação em lugares do corpo;



8. Luz ofuscante perto dos olhos;



9. Choque elétrico em partes sensíveis e não-sensíveis do corpo;



10. Ingestão forçada de fluídos corporais ofensivos e matéria, tais como sangue, urina, fezes, carne, etc;



11. Pendurado em posições dolorosas ou de cabeça para baixo;



12. Deixar a vítima com fome e sede por dias, ou semanas, ou meses;



13. A privação de sono;



14. Compressão com pesos e dispositivos;



15. Isolamento de percepção (faz com que a vítima não sinta os sentidos de: visão, audição, tato, paladar e olfato);



16. Drogas para criar ilusão, confusão e amnésia, frequentemente administradas por injeção intravenosa;



17. Ingestão ou substâncias químicas tóxicas intravenosas para criar dor ou doença, incluindo agentes quimioterápicos;



18. Membros superiores e inferiores puxados ou deslocados;



19. Aplicação de serpentes, araneídeos, larvas, roedores (ex: ratos) e outros animais para provocar sentimentos de medo, nojo e repudia;



20. Experiências de quase-morte, comumente asfixia por sufocamento ou afogamento, com reanimação imediata;



21. Vítimas são forçadas a realizar ou testemunhar abusos, torturas e sacrifícios de pessoas e animais, geralmente com objetos afiados;



22. Participação forçada de escravidão humana;



23. Em casos, a vítima é abusada propositalmente para engravidar; o feto é, então, abortado para uso qualquer, às vezes o bebê é levado para o sacrifício ou escravidão;


24. A vítima, recebe um tratamento que causa um efeito de abuso espiritual, que acaba causando efeito de a vítima se sentir possuída, perseguida e controlada internamente por "espíritos malignos" ou "demônios";


25. Profanação de crenças judaico-cristãs e formas de culto; dedicação a Satanás ou outras divindades;



26. Abuso e ilusão para convencer as vítimas que Deus é o mau, tais como convencer uma criança que o mesmo a abusou;



27. Cirurgia a tortura, experimento, ou causar a percepção de bombas físicas ou espirituais ou implantes;



28. Ameaças de dano à família, amigos, entes queridos, animais, e outras vítimas, para forçar o cumprimento;



29. Uso de ilusão e realidade virtual para confundir e criar uma divulgação não-credível;




Envolvidos

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         Folha de obituários pelas experiencias feitas com LSD por Gottlieb, que 
na fotografia.

Em Abril de 1953, Sidney Gottlieb chefiava o super secreto Projeto MKULTRA que foi ativado pelo Diretor da CIA Allen Dulles. Gottlieb ficou conhecido também por ter desenvolvido meios de administrar LSD e outras drogas em pessoas sem o conhecimento destas e também por autorizar e desenvolver o financiamento de pesquisas psiquiátricas com o objetivo de, segundo suas palavras "criar técnicas de romper a psique humana ao ponto de fazer com que o indivíduo admita que fez qualquer coisa, seja o que for". 

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                         Harris Isbell e Ewen Cameron, respectivamente.

Ele foi o patrocinador de médicos como Ewen Cameron e Harris Isbell em controversos estudos psiquiátricos em que seres humanos foram utilizados como cobaias humanas, sem o consentimento destes e sem o conhecimento de que estavam sendo usados nestas experiências e, em alguns casos, acreditando estarem recebendo tratamento. Inúmeras vítimas tiveram suas vidas destruídas até a morte. Os recursos para tais pesquisas eram injetados de maneira que não pudesse ser feita a relação imediata com a CIA. Um dos meios era, por exemplo, através da Fundação Rockefeller, uma Fundação aparentemente dedicada ao desenvolvimento de pesquisas médicas em beneficio da sociedade.

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      Fletcher Prouty exibindo uma matéria jornalística sobre a morte de John Kennedy,
que o mesmo considera um golpe de estado.

O tenente Fletcher Prouty também estaria envolvido no projeto, durante a década de 1950/60. Ele participou do complexo militar-industrial e ficou famoso pois escreveu livros e artigos que oferecem um raro vislumbre da "elite do poder", como descrito por Buckminster Fuller. Suas obras falavam sobre a formação e desenvolvimento da CIA, as origens da Guerra Fria, o Incidente com avião U2 em 1960, a Guerra do Vietnã, e o assassinato de John F. Kennedy - que ele dizia ser um golpe de estado, organizado pelo complexo militar-industrial americano. 


Experimentos em Harvard

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         Ted Kaczynski, o prodígio intelectual de 16 anos que anos depois 
se tornou um terrorista, conhecido pela mídia por "Unabomber", 
mais uma vítima do projeto MKULTRA

Do outono de 1959 até a primavera de 1962, Henry Murray, diretor da Clínica Psicológica da Harvard na Escola de Artes e Ciências, foi o responsável pelas atividades do projeto MKULTRA na Harvard.

Patrocinado pela CIA, o projeto ali executado usou vinte e dois estudantes ​como cobaias. Entre outros fins, as experiências de Murray se concentraram em medir a reação das pessoas sob estresse extremo. Os estudantes, sem seu conhecimento, foram submetidos ao que o próprio Murray chamou de "ataques arrebatadoramente pessoais e abusivos", que incluíam ataques aos seus egos, idéias e crenças usados como o veículo para causar altos níveis de estresse e angústia. Entre os estudantes estava o prodígio intelectual de 16 anos de idade e estudante da Harvard Ted Kaczynski (que vocês podem ver na foto acima), que mais tarde se tornou conhecido como "O Unabomber por cometer atos de terrorismo"


Exposição do Projeto

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                                      Cena da série Stranger Things

A Pesquisa ilegal da CIA veio a público pela primeira vez em 1975, quando da realização pelo Congresso americano de investigação das atividades da CIA por uma comissão de inquérito do Congresso dos Estados Unidos da América e por um Comitê do Senado americano. Foram os inquéritos chamados de Church Committee e Rockefeller Commission – Comitê Church e Comissão Parlamentar Rockefeller, em Português.

As investigações foram prejudicadas pelo fato de que, em 1973, considerando a possibilidade de uma futura investigação, o então diretor da CIA, Richard Helms, ordenou a destruição de todos os dados e arquivos ligados aos experimentos em humanos feitos durante o Projeto MKULTRA.

As investigações do Comitê e da Comissão se basearam no testemunho sob juramento de participantes diretos na atividade ilegal e em um relativamente pequeno número de documentos que restaram após a destruição de documentação ordenada por Richard Helms.

A CIA afirma que tais experiências foram abandonadas, mas Victor Marchetti, um veterano agente da CIA por 14 anos, tem atestado em várias entrevistas que a CIA jamais interrompeu suas pesquisas em controle da mente humana, tampouco o uso de drogas, mas realiza continuamente sofisticadas campanhas de desinformação seja lançando ela mesma, através dos meios de comunicação, falsas teorias e teorias de conspiração que podem ser ridicularizadas e desacreditadas, o que faz com que o foco de atenção não se volte para a CIA e suas pesquisas clandestinas ou que, caso haja qualquer aparente possibilidade de que suas pesquisas sejam expostas, qualquer revelação possa ser imediatamente desacreditada e/ou ridicularizada.

                                      Victor Marchetti durante entrevista.

Victor Marchetti, em uma entrevista em 1977, especificamente afirmou que as declarações feitas de que a CIA teria abandonado as atividades ilegais do MKULTRA após os inquéritos, são em si mais uma maneira de encobrir os projetos secretos e clandestinos que a CIA continua a operar, sendo a próprias revelações do MK-ULTRA e subsequentes declarações de abandono do projeto em si mais um artifício para deslocar a atenção de outras atividades e operações clandestinas não reveladas pelos Comitês. 

Em 1977, o Senador Americano Ted Kennedy, disse no Senado:

"O Vice-Diretor da CIA revelou que mais de trinta (30) Universidades e Instituições participaram em "testes e experimentos" em um programa que incluiu a aplicação de drogas em seres humanos sem o conhecimento ou o consentimento destas pessoas, tanto americanos como estrangeiros. Muitos destes testes incluíram a administração de LSD a indivíduos em situações sociais que não tinham conhecimento de que estavam sendo drogados e posteriormente a aplicação do LSD sem o consentimento destas pessoas, elas não sabiam que estavam sob o efeito da droga. No mínimo uma morte, a de Dr. Olson, ocorreu como resultado destas atividades. A própria CIA diz reconhecer que tais experimentos faziam pouco sentido científico. Os agentes da CIA que monitoravam tais testes com drogas não eram sequer qualificados como cientistas especializados à observação de experiências"

Até o presente, a grande maioria de informação mais específica sobre o Projeto MKULTRA continua classificada como secreta.


Processo contra a CIA

Orlikow, uma das vítimas do projeto que processou a CIA, e ganhou.

Velma Orlikow era uma paciente no Allan Memorial Institute em Montreal quando a CIA dos Estados Unidos da América estava conduzindo os notórios experimentos de lavagem cerebral do MKULTRA no Hospital de Montreal afiliado à McGuill University, o Allan Memorial Institute. Ela era casada com o membro do Congresso Canadense David Orlikow. Velma foi involuntariamente drogada com doses altas de LSD e submetida a fitas gravadas de lavagem cerebral. Juntamente com outros oito pacientes de Ewen Cameron, ela moveu uma ação contra a CIA na Justiça e ganhou.

Em 1979, Orlokow contactou o escritório de advogacia de Joseph Rauh e Jim Turner após ler uma notícia publicada no Jornal New York Times sobre o envolvimento do médico Ewen Cameron do Memorial Hospital nos experimentos. O artigo publicado em 2 de Agosto de 1977, escrito por Nicholas Horrock, intitulava-se "Instituições Privadas Utilizadas pela CIA em Pesquisas de Lavagem Cerebral." O artigo de Horrock se referia ao trabalho de John Marks que coletou documentos das atividades da CIA através de FOIA (em português - Lei da Livre Informação). O artigo foi então utilizado para mover a ação que tomou o nome de Orlikow, et al. v. United States case. Mais vítimas canadenses se juntaram a causa e ela passou a incluir Jean-Charles Page, Robert Logie, Rita Zimmerman, Louis Weinstein, Janine Huard, Lyvia Stadler, Mary Morrow, e Florence Langleben. A CIA fez um acordo em 1988. Velma faleceu em 1990.

No fim de sua vida, David Orlikow encorajou os outros membros de seu partido, NDP , entre eles Svend Robinson a continuar a luta buscando indenização para as vítimas do Allan Institute e para suas famílias.





                            Cenas do clássico filme: "Laranja Mecânica"
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