Gary Michael Heidnik, nasceu em Eastlake, no estado norte-americano de Ohio. Foi deixado ainda criança aos cuidados paternos depois que ele e o irmão mais novo viveram alguns anos com a mãe alcoólatra. Contudo, eram sempre agredidos e humilhados, devido ao perfil opressor do pai. Certa vez, foram obrigados a usar uma calça com um alvo desenhado na bunda para serem chutados.
Gary tentou a carreira no exército duas vezes. Aos 14 anos, foi para uma academia militar tentar ser oficial, mas desistiu no penúltimo ano. Depois, com 18, alistou-se nas forças armadas e foi atuar na Alemanha Ocidental como enfermeiro. Porém, com pouco mais de um ano de atividade, foi diagnosticado com transtorno de personalidade esquizoide e dispensado em 1962.
Nos anos seguintes, já morando na Filadélfia, Heidnik foi internado diversas vezes em hospitais psiquiátricos por tentar suicídio. Nessas fases, adquiriu o hábito de ficar mudo, prestar continência e ignorar a higiene pessoal. Para piorar, sua mãe se matou em 1970. E, quando tudo já parecia um caos, em 1971 ele fundou a Igreja Unida dos Ministros de Deus, e começou a ser chamado de bispo Heidnik.
Em 1978, ele foi preso ao manter a irmã de sua namorada refém dentro de casa. Deficiente mental e visual, a jovem foi estuprada, sodomizada e infectada com gonorreia. Heidnik foi condenado, mas conseguiu cumprir grande parte da pena em prisões psiquiátricas. Após ser solto, em abril de 1983, adquiriu uma casa no norte da Filadélfia que ficaria nacionalmente conhecida como “A casa dos Horrores”.
Por meio de um serviço de matrimônio, Gary se casou com a filipina Betty Disto em 1985. Porém, o relacionamento só durou até janeiro do ano seguinte, quando Betty fugiu de casa e revelou às autoridades o seu cotidiano. Quando não era estuprada e espancada pelo marido, era obrigada a vê-lo fazer sexo com prostitutas. Heidnik não foi condenado, pois a ex-esposa não compareceu à audiência preliminar.
Após o caso com Betty, Gary criou um plano doentio: ter um harém para uma espécie de “fábrica de bebês”. Assim, entre novembro de 1986 e março de 1987, ele sequestrou seis mulheres negras, mantendo-as presas no porão de sua casa. Algemadas na maioria do tempo a um cano no teto, elas ficavam seminuas e eram constantemente estupradas e agredidas. Fora isso, eram alimentadas com pão seco, sanduíches velhos e comida de cachorro.
Algumas das mulheres no porão algemadas
Gary também as torturava, prendendo-as por apenas um membro em uma viga no teto. Já em outras ocasiões, as mantinha dentro de um buraco no chão do porão, que era fechado com tábuas e sacos de terra, onde era difícil se mexer e respirar. Certa vez, encheu a cova com água e eletrocutou três garotas. Por fim, também tentou furar o tímpano de todas para torná-las surdas e dificultar possíveis fugas.
O buraco no chão do porão
No cativeiro, duas mulheres morreram. Sandra Lindsay, 24 anos, faleceu após ficar vários dias presa na viga. Ela foi desmembrada por Heidnik, que guardou partes do corpo na geladeira, assou as costelas no forno, ferveu a cabeça em uma panela e, supostamente, misturou os restos mortais à comida de cachorro. Já Deborah Dudley, 23 anos, morreu eletrocutada dentro do buraco com água. O seu corpo foi descartado por Gary em uma região arborizada de Nova Jersey.
O plano de Heidnik terminou em 24 de março de 1987 graças a Josefina Rivera, a primeira sequestrada. Ela ganhou a confiança de Gary, ao longo dos meses e recebeu autorização para sair de casa a fim de trazer mais uma garota para o “harém”. Livre, foi direto para a casa do namorado e em seguida para a polícia, que demorou a acreditar em sua história. No fim, Heidnik foi capturado no posto de gasolina em que os dois haviam combinado de se encontrar.
Gary Michael Heidnik foi acusado de assassinato, estupro, sequestro e agressão agravada. Sem conseguir provar insanidade, foi sentenciado à morte por injeção letal e foi executado em 6 de julho de 1999.
Gary Michael Heidnik algemado e sendo levado pelos policiais
As mulheres que foram torturadas por Gary
O corpo de Deborah Dudley foi encontrado pela polícia, depois da prisão de Gary
Ilustração (Felipe Martini/Mundo Estranho)